28 junho 2013

Mandela, que me libertou

 

 

 "Eu sou um homem branco e sei-o desde criança. Num quintal luandense, um carregador negro, ferido por uma palavra que eu, miúdo de calções, lhe dissera, tirou um canivete, cortou-se levemente no braço e mostrou-mo: "Olha, é igual ao teu." Aprendi. Eu sou aquele que precisou que lhe mostrassem uma evidência. O bocado da minha vida de que mais gosto é que depois de mostrada nunca mais esqueci aquela evidência. Fiz amigos, daqueles que me sorriem na memória, fiz escolhas, daquelas que me marcaram o destino, em que pesou eu saber que aquela evidência - a igualdade dos homens - é. É mais do que justa. Simplesmente é, existe. Como aconteceu a muitos pied-noirs, tive de responder à opção que Camus definiu ser entre a justiça e a mãe. Escolhi o campo nacionalista angolano, quando isso não era comum entre os brancos, lutei por ele, quando era perigoso fazê-lo, tive de me exilar, quando não se sabia por quanto tempo.


Mas, desmentindo o dilema de Camus, nunca me senti contra a minha mãe (e o meu pai) - nem quando a história lhes tirou a terra que era deles. Na verdade, sobre a questão política fundamental que se me pôs na vida, a independência de Angola, eu não podia ser outra coisa senão aquilo que o pequeno fio de sangue de um carregador negro me mostrou. Apetece-me dizer isto hoje porque a minha vida só faz sentido porque houve um líder como Nelson Mandela. Sem ele eu sentir-me-ia abusado, dano colateral, mexilhão. E não, não sou. "

 

 

Ferreira Fernandes -  Diario Noticias  





 

14 junho 2013

Alterações climáticas!!!


Inundações ameaçarão 100 milhões no fim do século

 

por Carolina Oliveira, editado por Ricardo Simões Ferreira - Diário Notícias
 

 

A população global será ameaçada 25 vezes mais por inundações até ao final do século, comparativamente com o que acontecia em meados do séc. XX, segundo um estudo realizado pela Universidade de Tóquio divulgado ontem. Cerca de 100 milhões de pessoas ficarão assim em risco devido a alterações climáticas.

 

O estudo analisa as alterações ocorridas nos casos de cheia a nível global e alia as previsões de subida de temperatura provocadas pelo aquecimento global. E conclui que até 2100 o risco de cheias pode afetar até 40% da superfície da Terra.

Caso o aquecimento global se mantenha em 2 graus Celsius, o número de pessoas ameaçadas pelas cheias poderá ser de 30 milhões. No pior cenário, se a temperatura subir até aos 6 graus Celsius, estarão em risco de serem afetadas por enchentes 106 milhões de pessoas.


A equipa do estudo, publicado no jornal britânico "Nature Climate Change", é liderada pelo professor de Hidrologia Yukiko Hirabayashi. Para chegar a esta conclusão, analisaram 11 modelos climáticos e os mais recentes modelos de cheias.